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Cutrale é alvo de ação no Reino Unido movida por produtores de laranja brasileiros

Uma ação judicial contra o bilionário magnata do suco de laranja, José Luis Cutrale, seu filho José Luis Cutrale Jr. e a empresa  multinacional de sua família, a Sucocítrico Cutrale, movida por aproximadamente 1,5 mil produtores independentes de laranja brasileiros, teve início nos tribunais ingleses em 21 de junho.

Os requerentes buscam indenizações relacionadas às ações de um cartel de suco de laranja que criou ilegalmente condições de oligopólio para Sucocítrico Cutrale (Cutrale) e outros membros do cartel, que reduzia artificialmente os volumes de laranja comprados, suprimindo os preços de compra da laranja e impondo custos adicionais aos agricultores independentes, forçando produtores menores a cessarem o cultivo de laranja.

A audiência inicial de três dias está sendo realizada no High Court of Justice de Londres. Os autores buscam estabelecer jurisdição na Inglaterra, visto que José Luís Cutrale mora em Londres e a administração de sua companhia também é conduzida do país.

O escritório de advocacia internacional PGMBM representa o grupo de autores, composto por 1.525 produtores de laranja brasileiros independentes, 22 pessoas jurídicas no negócio de cultivo de laranja e uma fundação de caridade, todos prejudicados pelo cartel.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), agência reguladora antitruste brasileira, concluiu que os réus e outros membros do cartel participaram inequivocamente de práticas anticompetitivas durante vários anos.

Em novembro de 2016, os réus e outros membros do cartel firmaram termos de compromisso de cessação com o Cade, nos quais os signatários, incluindo os réus, admitiram a participação em práticas anticompetitivas entre 7 de janeiro de 1999 e 24 de janeiro de 2006. Eles concordaram em pagar multas no total de 301 milhões de reais por violar a lei antitruste brasileira. A multa, entretanto, foi uma penalidade administrativa e não teve o objetivo de compensar pessoas que foram afetadas negativamente pelo cartel, como os próprios produtores de laranja.

Pedro Martins, advogado e sócio da PGMBM, afirma: “O objetivo desta ação é obter reparação adequada para os afetados”.

Conhecido no Brasil como o “Rei da Laranja”, José Luis Cutrale é dono e comanda a Cutrale, uma das maiores processadoras e distribuidoras de suco de laranja concentrado do mundo, com sua família, incluindo seu filho José Luis Cutrale Jr., co-réu no processo. Um Conselho Familiar administra a empresa a partir de um escritório em Londres.

A família Cutrale deixou o Brasil em 2006. Desde então, os processos legais no Brasil não ajudaram as partes afetadas a obter reparação da Cutrale e dos outros membros do cartel.

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