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Aprovado projeto de lei que altera denominação da rua Sérgio Fleury

Em 25 de agosto, os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo aprovaram em definitivo o Projeto de Lei nº 243/2013, que altera a denominação da rua doutor Sérgio Fleury, na Vila Leopoldina, zona Oeste paulistana, para frei Tito.

O vereador Arselino Tatto (PT), um dos autores da iniciativa, chama a atenção para a questão histórica e simbólica que a aprovação do projeto tem: “Vivemos tempos difíceis e sombrios, pois há um movimento de negação da existência da ditadura militar em nosso país e frei Tito é prova de que o regime ditatorial não só existiu, como a tortura cometida naquele período o levou ao suicídio. É uma reparação histórica que seu nome substitua o do delegado Fleury, um dos seus principais torturadores”, disse.

Em 2010, a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei que acrescenta incisos à Lei 14.454, permitindo a alteração das denominações de personalidades que violaram os direitos humanos, em logradouros públicos da cidade.

Baseado nesta lei, Arselino Tatto acredita que a homenagem a frei Tito abre caminho para que outras reparações aconteçam. “O delegado Sérgio Paranhos Fleury causou traumas psicológicos irreparáveis que levaram frei Tito ao suicídio, por isso, é simbólico que seu nome ocupe o lugar de Fleury. É mais do que uma homenagem, é fazer justiça ao banir o nome de um torturador e colocar em seu lugar o nome de quem defendeu com a própria vida a nossa democracia. Não podemos mais admitir essas homenagens equivocadas”, enfatizou o vereador.

Aprovada em segunda votação, a proposta segue agora para sanção do prefeito Ricardo Nunes.

Sobre frei Tito

A história do cearense frei Tito começa na luta pela educação de qualidade no Brasil, junto à Juventude Estudantil Católica (JEC), e sua primeira prisão acontece justamente por participar do Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em 1968.

Ao lado de outros frades dominicanos que compunham um grupo de resistência à ditadura militar, frei Tito era considerado uma ameaça, especialmente por apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional (ALN), comandada por Carlos Marighella, passando por isso a ser perseguido e depois torturado. Chegou a ser deportado e acolhido na França, mas não resistiu aos danos psicológicos causados pelo período de tortura e cometeu suicídio em 10 de agosto de 1974.

A trajetória de enfrentamento dos frades dominicanos é retratada no filme “Batismo de Sangue”, de 2007, do diretor Helvécio Ratton, baseado no livro homônimo de frei Betto.

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