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Mais da metade dos agricultores da zona sul rural recebem menos que um salário mínimo

É o que mostra o cadastro de unidades de produção agropecuária da região, financiado pelo Projeto Ligue os Pontos. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), por meio do Projeto Ligue os Pontos, iniciou neste mês de agosto, na Casa de Agricultura Ecológica de Parelheiros, uma série de seis encontros com agricultores da zona sul rural de São Paulo para apresentar os resultados do cadastro de unidades de produção agropecuária da região.

Inédito na capital paulista, o cadastramento foi realizado no primeiro semestre deste ano, pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), instituição contratada pelo Projeto Ligue os Pontos. O objetivo foi conhecer a realidade da produção agropecuária daquela região de São Paulo e, a partir dos dados coletados, orientar, de forma mais efetiva, o planejamento de políticas públicas que visem à inclusão social, melhoria da qualidade de vida e a preservação ambiental local.

Todavia, nem todos os agricultores da zona sul foram cadastrados. Para isso, os produtores rurais precisaram atender a três quesitos: produção agrícola e/ou criação de animais localizada na zona rural sul, de acordo com os limites estabelecidos pelo Plano Diretor Estratégico (PDE); produção comercializada ou que atendesse mais de 20 pessoas por mês; e concordar em conceder a entrevista. Dessa forma, após a visitação de 1.692 propriedades, foram cadastradas 427 unidades de produção agrícola, sendo 170 no distrito de Parelheiros, 169 em Grajaú e 88 em Marsilac.

Os dados mostram que do total de unidades produtivas cadastradas, 70 possuem até 1.000 m² de área e 133 ultrapassam os 20.000 m². A mão de obra empregada que mais se destaca é a exclusivamente familiar (65%), em detrimento de apenas 4% que utilizam mão de obra contratada permanente. Ainda segundo o levantamento, 64% dos produtores agrícolas são donos da propriedade e 78% dos agricultores vivem na unidade produtiva.

O cadastro também identifica um envelhecimento do produtor rural da região, uma vez que em 315 das 427 unidades produtivas (73,5%) o entrevistado possuía ao menos 45 anos de idade, enquanto menos de 3% dos agricultores tem entre 16 e 24 anos. Além disso, o levantamento elucida disparidades econômicas e sociais, já que 4% dos agricultores apresentam renda bruta agrícola acima de 10 mil reais por mês, número bastante inferior aos 54% com renda abaixo de mil reais mensais. Tal cenário pode explicar o fato de que 41% dos produtores exercerem outra atividade fora da propriedade.

Com relação à produção agropecuária, 79% dos agricultores cultivam frutas, sendo que apenas 16% desse total tiveram esses produtos comercializados nos últimos 12 meses, 65% produzem folhosas associadas ao cultivo de legumes, raízes e ervas, e 45% produzem plantas ornamentais – usadas para paisagismo. Das 427 unidades produtivas, 51% possuem algum tipo de criação animal, com destaque para frangos e galinhas.

Em determinado momento do questionário, os entrevistados foram perguntados sobre as suas principais dificuldades para produção. A falta de recursos/acesso a crédito, insumos (mudas, sementes e análises), maquinário e mão de obra foram os principais pontos levantados.

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