Levantamento indica que 1,2 milhão de árvores foram mortas apenas no município de São Paulo nos últimos seis anos. Sem a cobertura vegetal nas áreas mais afastadas das zonas Sul, Leste e Norte da cidade, nascentes são aterradas, cursos de água e córregos deixam de existir, o que compromete os mananciais de água que abastecem principalmente as represas de Guarapiranga e Billings, responsáveis pelo fornecimento de água a grande parte da população da Região Metropolitana de São Paulo.
Esta é uma das conclusões do dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo” (2ª Edição, 454 páginas), cujo lançamento foi feito em abril, pelo vereador Gilberto Natalini (PV). O documento traz 160 áreas desmatadas. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de florestas paulistanas já foram ao chão. Segundo o vereador, uma área ainda maior está sob séria ameaça, caso o Poder Público continue omisso.
O dossiê apresenta fotografias de satélite mostrando o “antes” e o “depois” da destruição da Mata Atlântica, além de imagens de drone e fotos obtidas nos próprios locais, onde organizações criminosas devastam a cobertura vegetal para implantar aterros e loteamentos clandestinos (ao todo quase 700 fotografias). Estes terrenos são vendidos ilegalmente, na maioria das vezes a pessoas simples que se desfazem de suas posses para comprá-los. Adquirem lotes sem documentação, sem que se tomem providências contra isso.
Natalini pediu a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a devastação sistemática da Mata Atlântica na cidade, mas não foi atendido. O dossiê traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da zona Sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometerem crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção.
“As testemunhas não terão suas identidades reveladas por segurança. Agora, cabe ao Ministério Público conduzir as investigações que se fizerem necessárias e tentar acabar de vez com a derrubada avassaladora de árvores na nossa Mata Atlântica e, assim, interromper a grave destruição do meio ambiente que está em curso no município de São Paulo”, afirma Natalini
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