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HISTORIAS DE SERENATA – “O valor insubstituível dos avós: raízes vivas de afeto e memória”

Num tempo em que o toque virou emoji, o encontro virou link e o “eu te amo” pode ser digitado sem sequer ser sentido, há uma presença que permanece firme — silenciosa, muitas vezes invisível, mas incrivelmente essencial: a dos avós.

Os avós são guardiões da memória afetiva. São eles que seguraram o mundo no colo para que outros pudessem caminhar. Entre histórias repetidas à mesa, orações sussurradas à noite e receitas passadas a olho, moldam uma pedagogia da delicadeza que está desaparecendo nas gerações hiperconectadas. Em tempos líquidos, são âncoras. Em tempos imediatistas, são paciência.

Mas há algo mais profundo. Em um mundo que valoriza performance, juventude e produtividade, os avós se tornaram quase uma espécie de resistência afetiva. Representam tudo o que o sistema tenta acelerar ou apagar: o tempo da escuta, da espera, do cuidado lento. Eles não nos entregam resultados — nos entregam presença. E isso é revolucionário.

Por isso, quando um neto decide oferecer uma serenata aos avós, não se trata apenas de um gesto bonito. É um manifesto. Um ato de desaceleração e gratidão. Cantar para quem tanto nos embalou é, no fundo, uma tentativa de retribuir o inominável. Por que se agradece a quem nos deu afeto antes mesmo que soubéssemos pedir?

Serenatas aos avós resgatam a beleza do gesto gratuito. Em vez de curtidas, aplausos reais. Em vez de stories de segundos, memórias para uma vida inteira. Em vez de um presente genérico comprado às pressas, o dom do tempo — esse luxo cada vez mais raro.

É curioso pensar que, enquanto corremos atrás de inovações e tecnologias, aquilo que realmente nos sustenta emocionalmente continua sendo profundamente analógico. O cheiro de café na cozinha, os bolinhos de chuva. a mão enrugada do avô segurando a nossa. A música que toca e, de repente, faz tudo parar.

E se um dia eles se forem, e se vão, como todos os que carregam o tempo nos ombros, fica a certeza de que o amor deles não termina: apenas muda de lugar. Passa a morar em nós. Em nossos gestos, em nossas escolhas, na maneira como vamos amar os outros.

Por tudo isso, talvez cantar para os avós seja mais do que um presente. Seja uma oração. Um agradecimento por tudo o que eles são, foram e continuarão sendo. Porque em tempos em que tudo é passageiro, eles nos ensinam o que é permanecer.

 

Por Fredi Jon

(www.serenataecia.com.br / 11 99821-5788)

N.R. – Texto em alusão ao “Dia dos Avós”, 26 de julho.

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