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Só cresce a fila de transplante de córnea no Brasil

Maior causa de transplante de córnea no Brasil, o ceratocone, condição que afina a porção central da córnea, lente externa e transparente do olho, não para de crescer no Brasil. Uma evidência disso é o número de inscritos na fila da cirurgia.

Relatório do SNT (Sistema Nacional de Transplante) indica que 2024 fechou com 17.106 transplantes de córnea realizados e uma fila de 28.987 inscritos.

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, de Campinas, o relatório do SNT confirma um levantamento feito nos prontuários do hospital de 319 pacientes com ceratocone. O levantamento mostra que o diagnóstico é tardio para metade dos que têm a condição. O oftalmologista ressalta que isso acontece porque geralmente o ceratocone surge simultaneamente com a miopia.

“Se não for realizada a tomografia da córnea logo no início da doença, a chance de ir para transplante é grande. O exame avalia a espessura, curvatura anterior e posterior da córnea, espessura e irregularidades ou aberrações que caracterizam a doença”, salienta. “A falta de diagnóstico preciso, somada à rápida progressão da doença, especialmente entre alérgicos e portadores de síndrome de Dowm, que têm o hábito de coçar os olhos, estão por trás dos 4.048 transplantes entre janeiro e março do ano.

O problema do ceratocone atinge 200 mil brasileiros. Geralmente ele vem acompanhado de miopia e por isso muitos associam a visão fora de foco à miopia.

Queiroz Neto afirma que, para quem o implante de ICL é contraindicado, a alternativa mais confortável é a lente de contato escleral. Isso porque, fica apoiada na esclera, parte branca do olho, invés de ficar apoiada borda da córnea.

 

INDICAÇÕES DA CIRURGIA

O oftalmologista afirma que o ceratocone geralmente surge na puberdade e muitos já chegam à primeira consulta com a córnea bastante frágil.

Também que o implante de ICL só é indicado após completo exame oftalmológico que inclui: paquimetria da córnea, tomografia, biometria, microscopia especular, gonioscopia e teste de visão potencial para prever resultados.

A cirurgia é indicada para pacientes com intolerância à lente de contato; miopia de 6 a 18 graus e astigmatismo estabilizado de até 4; idade entre 21 e 45 anos; estabilidade de grau há pelo menos um ano para altos míopes e de 1 a 2 anos para quem tem ceratocone; pacientes sem olho seco; diâmetro da pupila até 7 mm; não ter passado por refrativa a laser ou outro procedimento no segmento anterior dos olhos.

Já as principais contraindicações da ICL apontadas por Queiroz Neto são: ceratocone progressivo (necessita primeiro de crosslinking para estabilizar a doença); córnea extremamente fina (risco de perfuração ou ectasia pós-cirúrgica); opacidade central na córnea que prejudique a visão, mesmo após correção refrativa; endotélio, camada interna da córnea, com menos de 2 mil células/mm; histórico de glaucoma de ângulo aberto ou fechado; mulheres grávidas ou em período de amamentação devido a oscilação da refração e possível piora do ceratocone relacionada às alterações hormonais; catarata significativa.

O oftalmologista afirma que as principais recomendações para evitar a progressão do ceratocone são evitar esfregar ou coçar os olhos; manter as consultas oftalmológicas regularmente; manter os olhos hidratados; usar soluções higienizadoras de lente sem conservantes; usar colírios sob prescrição médica; e aplicar compressas frias como alternativa para diminuir a coceira nos olhos.

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