A Casa Ângela, serviço conveniado com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da capital paulista, alcançou na madrugada de 19 de março, a marca de quatro mil partos realizados. V.P.M. nasceu às 3h26, de parto natural, pesando 3.275 kg. O recém-nascido é primeiro filho da nutricionista B.C.P.M, 23 anos, e do empresário A.M.
Quando a bolsa estourou no dia 18, o casal ficou sendo monitorado pela doula e a equipe da casa de parto até as contrações aumentarem. Por volta da meia-noite, eles chegaram à Casa Ângela, onde estava tudo preparado para a realização do parto, que aconteceu na banheira.
“Eu sempre quis ter um parto o menos invasivo possível. Nunca fui fã de hospital e por isso a nossa doula indicou a Casa Ângela”, disse a mãe, que elogiou a forma acolhedora com a qual foi recebida pela equipe: “Todas as profissionais foram muito solícitas, sempre muito cuidadosas comigo e com o bebê, sem impor nada pra gente”.
Para o pai a experiência foi inesquecível: “É uma diferença muito grande quando a gente sai do papel de apenas um apoiador e é incluído no processo do nascimento do filho. Acho que isso ajudou também o parto a fluir da forma mais natural possível”.
A história do bebê quarto milésimo é comum à de outras mulheres que deram à luz na Casa Ângela. Desde 2015, o serviço localizado na região do Jardim São Luiz, na zona Sul paulistana, integra a rede da SMS e, juntamente com a Casa do Parto de Sapopemba, na zona Leste, constitui a estrutura pública voltada ao parto natural e humanizado.
Em 2024, foram realizados 375 partos no local, que funciona 24 horas e conta com uma equipe de 65 colaboradores, que inclui enfermeiras obstetras e obstetrizes, médicas da saúde, técnicas de enfermagem e pessoal de apoio.
De acordo com a gerente administrativa, Amanda Meskauskas Melkunas, “no parto humanizado, a mãe é a protagonista e dita o ritmo do processo. As mães escolhem se querem o parto na banheira, no chuveiro, na cama ou em pé. Caso haja necessidade, ambulâncias 24 horas ficam à disposição para levar as gestantes ao hospital, assim como toda a estrutura para atendê-la com segurança”. A gerente também deu à luz aos seus dois filhos no local.
Com um protocolo rigoroso de segurança, a casa – administrada pela Organização Social de Saúde (OSS) Monte Azul – acompanha gestantes interessadas em ter o bebê a partir das 28 semanas de gestação, desde que seja uma gravidez de baixo risco e que o pré-natal esteja sendo feito em uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) da capital. Até as 37 semanas, as consultas são quinzenais, em paralelo ao acompanhamento na UBS. Depois, até as 40 semanas, passam a ser semanais ou de acordo com a necessidade, até o momento do parto.
De acordo com o protocolo da SMS, para as casas de parto, este pode ser realizado até as 41 semanas. Atingido este limite, a gestante é encaminhada para o hospital de referência do território. No caso da Casa Ângela, é o Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo), localizado a uma distância de cinco minutos em ambulância.
Após o parto, as crianças que nascem no local recebem todas as vacinas, além de realizarem todos os exames de triagem neonatal, como o teste do pezinho, e são acompanhadas até 1 ano de idade. Depois continuam o acompanhamento na UBS.
Com capacidade de atender 40 partos por mês, a casa também oferece encontros de grupos voltados tanto às gestantes quanto às puérperas, com uma programação que inclui preparação para o parto, cuidados com o bebê, amamentação e puerpério.
Estrutura da Casa Ângela
O equipamento disponibiliza quatro quartos de parto, dois alojamentos conjuntos para a mãe ficar junto do bebê e da pessoa que a acompanha, além de um salão no qual são realizados encontros de grupos, voltados tanto às gestantes quanto às puérperas.
A casa também possui uma cozinha própria, de onde saem todas as refeições, elaboradas com produtos naturais e seguindo eventuais restrições apontadas no Plano de Parto de cada mulher. Ainda uma sala de amamentação e um jardim para as mães descasarem ou receberem as visitas dos familiares e amigos.
A inauguração da Casa Ângela, em 2009, se deu por iniciativa da Associação Comunitária Monte Azul, a partir do trabalho que vinha sendo realizado desde os anos 1980 pela parteira alemã Ângela Gehrke da Silva na comunidade do Jardim Monte Azul.
Ângela faleceu no ano de 2000, mas a casa de parto renasceu como Casa Ângela, graças ao trabalho da médica alemã Anke Riedel, que coordenou a implantação da nova casa. O convênio com a SMS ocorre desde 2015.
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