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Primeira diretora de escola estadual transexual é nome de travessa no Capão Redondo

Com mais de 32 anos dedicados à rede escolar de ensino estadual em São Paulo e premiada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com o prêmio “Darcy Ribeiro de Educação”, Paula Beatriz agora recebe mais uma homenagem, feita por moradores: seu nome em uma travessa da comunidade do Capão Redondo, no extremo Sul da capital.

Hoje à frente da educação de mais de mil crianças, Paula é diretora da Escola Estadual Santa Rosa e coordena há mais de 18 anos a educação do Ensino Fundamental em uma região que apresenta altos índices de vulnerabilidade social. A diretora serve de inspiração ao debate sobre questões de gênero e ao reconhecimento de outros agentes da educação que são do grupo LGBTQIA+.

Sendo ela a primeira transexual a ocupar um cargo de direção na rede estadual, essas premiações e homenagens são consequências da sinergia com os funcionários, pais e alunos para melhoria na aprendizagem e na construção de um ambiente que atende às necessidades da comunidade.

“Ocupar essa função diz muito sobre estar onde eu quero estar e ser o que quero ser. Sou muito bem acolhida pela comunidade escolar e meus alunos me ensinam muito”, afirmou a diretora.

“A Paula mostra que é possível criar um ambiente que respeita a diversidade e a verdade de cada um. Esperamos muito que a rede, cada dia mais, seja um espaço acolhedor, de respeito e diversidade”, avalia Henrique Pimentel, chefe de gabinete da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo.

Para Pimentel, essa boa relação com as crianças da escola e com os moradores do bairro encoraja muitos funcionários que trabalham na rede estadual a externarem suas identificações de gênero e a descobrirem como se identificar melhor na sociedade.

“Minha infância e adolescência foram marcadas por inúmeras descobertas, entre elas a revelação da minha verdadeira identidade”, explica Paula Beatriz.

A diretora ressalta que a sua readequação e escolha foi muito amparada por amigos e familiares. E dentro da rede de ensino também houve apoio, principalmente pela forma que Paula Beatriz foi constituindo a sua carreira pedagógica. “A gente sempre precisa de diálogo e debate neste espaço, que é a escola, para realmente naturalizar estas questões. Eu acho que estamos no caminho certo, pensando em todos os aspectos para a pessoa ser feliz”, finalizou Paula.

Entrevista com Paula Beatriz Santos, diretora da Escola Estadual Rosa de Lima, no bairro do Campo Limpo, Zona Sul da cidade de São Paulo.
Data: 02/03/2017
Local: São Paulo/SP
Foto: Daniel Guimarães/A2IMG

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