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Censo mostra que população de rua cresceu 31% nos últimos dois anos

A Prefeitura de São Paulo concluiu o primeiro Censo da População em Situação de Rua realizado na cidade depois do início da pandemia de Covid-19 e suas consequências socioeconômicas.
O recenseamento, que havia sido feito em 2019, só teria de ser repetido, conforme prevê a legislação municipal, em 2023. No entanto, a atual gestão se antecipou ao calendário e traçou o diagnóstico completo da realidade atual.
O novo censo, contratado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) junto à empresa Qualitest Ciência e Tecnologia Ltda, revelou tanto o aumento numérico de pessoas vivendo nas ruas quanto o perfil socioeconômico detalhado dessa população.
Enquanto em 2019 havia 24.344 pessoas em situação de rua na cidade, no final de 2021, havia 31.884 pessoas identificadas no Censo. O crescimento numérico, de 7540 pessoas, é maior que o número total de moradores em situação de rua encontrado no município do Rio de Janeiro em 2020: 7.272 pessoas (fonte: Qualitest/IPP). Outra comparação: das 645 cidades paulistas, 449, ou 69,6% do total, têm quantidade de moradores menor do que a população em situação de rua na cidade de São Paulo.

Programa Reencontro
Por determinação do prefeito Ricardo Nunes, está surgindo o Programa Reencontro, que prevê moradias transitórias e ações intersecretariais imediatas capazes de acolher, a curto e médio prazos, as milhares de pessoas que foram para as ruas desde o início da pandemia. “Estamos trabalhando com base em dados técnicos para garantir atendimento qualificado a esses cidadãos que serão beneficiados pelo Reencontro ainda este ano”, disse o prefeito.
O Programa Reencontro parte de experiências bem-sucedidas ao redor do mundo. Ele prevê a reestruturação da abordagem e acolhimento existentes, maior oferta de vagas na rede municipal, um tripé de moradia formado por locação social, renda mínima e moradia transitória, além de capacitação profissional e intermediação para o encontro de postos de trabalho.
O novo programa já conta com imóveis reservados, por exemplo, para a criação de moradias transitórias.

Outros e preocupantes dados
Os dados do Censo revelam que em relação ao levantamento de 2019, os distritos na região administrativa da Subprefeitura da Mooca registraram o maior aumento de concentração de pessoas em situação de rua. Em 2019, havia 1.419 pessoas na região e, agora, há 2.254.
O relatório indica ainda crescimentos bastante significativos da população em situação de rua também no Ipiranga, Vila Mariana, Jabaquara e M’Boi Mirim, nas zonas Sudeste e Sul. Outro indicador de crescimento é a quantidade de pontos de concentração de pessoas encontrada pelos recenseadores: em 2019, havia 6.816 pontos e em 2021, o número saltou para 12.438.
O número do que os recenseadores classificam como “moradias improvisadas” (barracas) nas ruas cresceu 330% em 2021. Já um dos indicadores sinaliza para o crescimento do número de famílias vivendo nas ruas da cidade.
Os dados sobre educação mostram que 93,5% dos moradores de rua na cidade frequentaram escola, 92,9% sabem ler e escrever, 4,2% concluíram o ensino superior, 21,4% têm ensino médio completo e 15,3% concluíram o ensino fundamental.
O levantamento também mostra que a maioria dessas pessoas trabalha de alguma maneira. Quando indagados sobre o que faria com que eles deixassem as ruas, para 45,7% é o emprego fixo, seguido da moradia (23,1%), retornar para a casa de familiares ou resolver conflitos (8,1%), superar a dependência de álcool e outras drogas (6,7%).

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