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ARTIGO: “Por que os aparelhos vintages estão voltando com tanta força?”

Mais pessoas, a cada dia, vão além de um breve lazer em ambientes que faz da viagem no tempo sua proposta comercial, não se contentando em vivenciar apenas alguns momentos com a família e amigos em restaurantes, lanchonetes e outros lugares afins.

A busca por artigos vintages que emocionaram pelo histórico, importância e design é uma constante ainda hoje em casas de presentes, marketplace e encontros habituais entre amigos para diversão. Mas por que certos artigos estão vindo com tanta força?

Como seresteiro e produtor de eventos na Serenata & Cia, há 23 anos, eu, Fredi Jon, tenho visto a importância do resgate afetivo através das serenatas embasadas por músicas de todas as nacionalidades e estilos. Pude perceber que é através da música que as pessoas voltam a se conectar com seu passado. Infância e adolescência sempre presentes num pacote acompanhado de cheiros, pessoas, memórias e situações através das canções tocadas em nossas serenatas.

Prá aumentar ainda mais essa sensação, o figurino da trupe resgata a cartola, a casaca, o fraque, as luvas e chapéus usados nos tempos antigos, berço da serenata.

Atualmente, por conta de uma necessidade pessoal de ouvir antigos materiais gravados em fitas K7, fui atrás de um bom tape deck e percorri espaços de compra através de uma busca na internet. Cheguei a conhecer vários amantes de aparelhos vintages, como toca discos, receivers, tape decks etc., além de conhecer donos de eletrônicas que fizeram uma grande reformulação em sua área de trabalho para atender uma demanda cada dia maior.

Em Guarulhos conheci o dono de uma eletrônica chamado Flávio que, juntamente com sua esposa, vendem aparelhos dos anos 60, 70, 80 e 90 dizendo que a procura está vindo com força total e, portanto, até pararam de consertar novos equipamentos para se focar em linhas vintage de várias marcas.

São pais recordando historias através dos antigos equipamentos, são filhos que não vivenciaram o tempo áureo desses equipamentos, mas também estão buscando as raridades sonoras.

Nessas andanças em busca dos vintages, conheci outra pessoa muito interessante chamada Valter Venturolli, que já trabalhou com sonorização de ambientes. Amante dos vintages e vendedor da linha, também me relatou que esse público é mais exigente: “A memória afetiva é o principal motivo das compras, seguido pela durabilidade e design dos equipamentos. Na atualidade, o histórico desinteressante dos equipamentos disponíveis e a rejeição de muitos clientes pelas versões digitais levam “garimpeiros” estrangeiros a percorrerem o mercado nacional atrás do equipamento perfeito ou quase, uma vez que fora do Brasil é cada vez mais difícil achar essas preciosidades. E sobre a produção e comercialização do novo vinil é ainda para um público mais seleto, visto o preço desse material”, explicou Valter.

Antigamente as grandes empresas faziam equipamentos competindo em durabilidade e qualidade entre si. Agora, por conta de custo e proposta comercial, tudo é descartável.

Isso me fez lembrar a conversa com Everaldo, outro dono de eletrônica que me disse: “Quando era diretor de uma empresa, tivemos uma reunião e numa das pautas o assunto era fazer equipamentos prá serem descartáveis, encerrando, portanto, a era dos maravilhosos titãs”.

Ainda sobre os vintages, visitei o estúdio fotográfico no Campo Belo, na capital paulista, onde as máquinas mais usadas prá capas de revistas e outros materiais comerciais são as produzidas nos anos 70 e 80, portanto, material ainda analógico.

Pois é pessoal, a tecnologia entrega cada vez mais tecnologia e desta forma a busca pelos vintages está criando novas comunidades e novos amigos dos novos equipamentos velhos.

Ah, e quanto ao tape deck, comprei o que desejava, entre outros mais que não resisti…

 

Por  FREDI JON

(Músico e produtor de eventos)

 

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