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Agricultores recebem sistemas ecológicos de tratamento de esgoto

Cinco agricultores orgânicos da zona Sul rural paulistana receberam sistemas ecológicos em suas propriedades para tratamento de esgoto. A ação integra o projeto “Cuidando das Águas”, promovido pelo escritório cooperativo Sapiência Ambiental, e que conta com o apoio do Projeto Ligue os Pontos, Movimento Bem Maior e Instituto Phi. O objetivo é implantar ao todo dez sistemas de saneamento ecológico na zona Sul da cidade.

O engenheiro Vitor Tonzar Chaves é coordenador executivo da Sapiência Ambiental. Ele conta que estudou tecnologias para saneamento descentralizado e teve a oportunidade de aplicar esse conhecimento pela primeira vez na região de Parelheiros, na Associação Comunitária Pequeno Príncipe, escola que cuida diariamente de mais de cem crianças. Antes descartado in natura, o esgoto passou a ser tratado.

De acordo com Chaves, a intenção do projeto não é apenas implementar o sistema de tratamento, mas fazê-lo de forma pedagógica, envolvendo os produtores e vizinhos, formando uma espécie de mutirão.

Como funciona?

O sistema de saneamento ecológico é composto por três módulos (caixas d’água): dois biodigestores anaeróbios e um biofiltro. Assim que a descarga do vaso sanitário é acionada, os efluentes são levados para a primeira parte do sistema através de uma ligação direta de canos, os dejetos ficam armazenados por um determinado período no local, onde passam pelo processo de biodigestão, realizada por meio de uma mistura de esterco de boi e água, na qual as bactérias presentes nessa combinação são capazes de decompor as existentes nos dejetos humanos.

Quando a primeira caixa começa a encher, o líquido transborda para a segunda etapa, a fim de receber novo processo de purificação. Na última etapa, o composto chega até um biofiltro, constituído por uma camada de telhas, bambus ou pedras grandes, seguida de uma camada de pedras menores e por plantas, como taioba, gengibre e helicônia, que conseguem remover os poluentes do esgoto, um método conhecido como fitorremediação.

Mais limpa, a água pode ser despejada na mata sem causar danos ambientais ou usada para irrigação de frutas. Foi o que fez Emerson Xavier, produtor atendido pelo Projeto Ligue os Pontos e um dos cinco contemplados pelo tratamento. Antes, o esgoto era descartado diretamente no solo de sua propriedade. “Se bem cuidado, o sistema tem durabilidade de 25 anos. A água serve até para adubação de frutíferas, como limão galego e limão taiti”, explica Emerson.

Outros agricultores tomaram conhecimento do tratamento e mostraram interesse em recebê-lo em suas propriedades. Foi o caso de Valeria Maria Macoratti, que considerou o sistema “simples, barato e ecológico”. Cleide Duarte da Costa, outra produtora atendida pelo Ligue os Pontos, também recebeu o novo sistema. Na sua propriedade, o esgoto era despejado em uma fossa negra (um buraco no solo). “A água sai limpa e não tem possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos”, destacou Cleide.

Além do ganho ambiental, esse sistema alternativo de saneamento também permite aos agricultores a exploração do turismo rural, uma vez que o equipamento gera muito interesse dos visitantes por ser um sistema inovador de saneamento.

Fotos: Movimento Bem Maior

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