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A história se repete, mas a 100ª Romaria acontece

Em abril de 1920, Cenerino Branco de Araújo selou seu cavalo e acompanhado de alguns poucos amigos, partiu rumo à Pirapora do Bom Jesus, a fim de agradecer a Deus por ter poupado a então cidade de Santo Amaro dos efeitos catastróficos da “gripe espanhola”.

Assim nasceu a Romaria dos Cavaleiros do Senhor Bom Jesus de Pirapora de Santo Amaro, um ato de “Fé, Tradição e Penitência” que vem se repetindo de forma ininterrupta desde então, graças aos vários mantenedores que se revezaram no decorrer desses cem anos.

Nesse ano de 2020, ao completarmos um século de existência, talvez por ironia do destino, estamos novamente frente a frente com outra pandemia, a do novo coronavírus (Covid-19), que chegou ao Brasil em final de fevereiro e rapidamente se dispersou entre os paulistanos, de tal forma, que o governo do estado de São Paulo, visando minimizar os seus efeitos, decretou quarentena.

E assim, a cidade de São Paulo parou, fechou. Desse modo, a programação do centenário da romaria, tão esperada e carinhosamente preparada, precisou ser suspensa.

Mas o lema “Unidos em Cristo” em nosso brasão, nos inspirou a realizar em 8 de maio, uma live com a participação especial da dupla sertaneja raiz, Ivan Lobo e Vítor César, e contando com o apoio do vereador Zé Turin. Foi um belo evento que teve pedidos de músicas, mensagens de apoio, doações e leilões, que resultaram na arrecadação de duzentas cestas básicas, depois distribuídas entre nove instituições de caridade santamarenses.

No entanto, fazer ou não a romaria era a grande questão a ser resolvida. No meio desse caos, lembrei-me de meu pai Luizão, mantenedor incansável da romaria por mais de 40 anos, e baseada no que julguei que meu pai faria, mantivemos essa tradição que se repete há 100 anos.

Na madrugada de 30 de maio, sete romeiros centenários usando máscaras personalizadas, selaram seus animais, partiram da Hípica Recanto dos Cavaleiros, no bairro Riviera Paulista, em direção à Catedral de Santo Amaro, rumo a Pirapora do Bom Jesus.

Alguns não entenderam nossa decisão, outros se ofenderam por não chamá-los, mas enfatizo que optamos por fazer a romaria de forma discreta, com poucos cavaleiros, a fim de se evitar a aglomeração de pessoas que a divulgação certamente traria. Foi uma viagem cansativa, madrugada fria, mas tudo transcorreu dentro do planejado.

Ao chegarmos em Pirapora, respeitamos a quarentena, não entramos na cidade e paramos no Morro do Capoava, situado a dois quilômetros do centro da cidade, detentor da Cruz do Milênio, conhecido como Cruzeiro de Pirapora.

A nossa missão foi cumprida, a peregrinação foi feita, a tradição foi mantida, a memória de vários mantenedores – Cenerino, Luizão, Agenor Klaussner, José Carnevale, Toninho Engraxate, Mário Careca e Gustavo Fowler, entre outros – foi honrada. Fechamos um ciclo e abrimos outro, começamos a escrever a história do segundo século da romaria, para desgosto daqueles que desejam o fim da mãe de todas as romarias santamarenses, a Romaria dos Cavaleiros de Santo Amaro.

Os fatos falam por si, estamos mais fortes e vivos do que nunca. Em breve, novas surpresas virão. Aguardem. Viva Bom Jesus de Pirapora! Viva a Romaria dos Cavaleiros de Santo Amaro!

 

Karina da Silva Araújo

(Presidente da Romaria dos Cavaleiros de Santo Amaro)

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