O filme ‘Um Senhor Estagiário’, estrelado por Robert De Niro e Anne Hathaway, já relatava no ano de seu lançamento (2015) os sabores e dissabores de se chegar à terceira idade sem uma atividade profissional e com uma bagagem gigante que ainda poderia ser muito utilizada. A trama aborda o desafio de se ter um novo emprego na terceira idade.
Saindo das telas e trazendo para a realidade cotidiana, milhares de brasileiros que atravessam a fronteira dos 60 anos também passam por movimentos parecidos a do personagem Ben, do filme. Segundo dados mais atualizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar dos idosos serem uma parcela ainda pequena da população ativa no mercado, os números vêm aumentando, saindo dos 5,9% em 2012 para 7,2% em 2018, o que representa algo em torno de 7,5 milhões de brasileiros idosos na força de trabalho do país.
“Empresas mais atentas estão se dando conta que a diversidade de gerações em uma companhia é algo saudável e gera maior produtividade. Se este entendimento for captado pelas corporações, certamente a empresa terá bons resultados, destinando parte de suas vagas para profissionais da terceira idade”, avalia a psicóloga e professora da Estácio, Jocely Burda.
Segundo a professora, ainda temos uma sociedade um tanto preconceituosa em relação a terceira idade, por, limitadamente, achar que pessoas nesta faixa etária são mais lentas, menos ligadas à tecnologia ou por não fazerem muitas atividades ao mesmo tempo, desconsiderando a valiosa experiência de vida que esses idosos possuem. “Cabe as empresas quebrarem essa barreira”, lembra ela.
O Estatuto do Idoso, que no dia 1º de outubro de 2021 completa 18 anos, trata dos direitos dos idosos, incluindo aqueles relativos a trabalho e renda. Não é preciso encarar o documento como algo punitivo, mas sim como uma lei de orientação que permite valorizar o ser humano. “Respeitar essas regras não é somente fundamental pelo respeito às pessoas idosas, mas é também uma forma de preparar nosso próprio caminho, que converge para uma vida após os 60 anos”, diz a professora.
Histórias inspiradoras
Osmar Amarante, aos 67 anos, concluiu o ensino superior e, a partir daí, um novo mundo se abriu para ele. A vontade alimentada por Osmar foi arrefecida no passado devido ao nascimento dos filhos e às obrigações profissionais, mas aflorou nos últimos anos e tornou-se uma realidade quando ele iniciou o curso de Gestão Ambiental na Estácio.
“Ingressei na universidade logo que tive oportunidade. Eu nasci no Rio de Janeiro, em uma favela hoje extinta, chamada “Ilha das Dragas” e, nesse ambiente de grande desigualdade social, vivi durante muitos anos. O que sempre me impulsionou foram meus sonhos. Eu não acredito em destino e creio que somos capazes de mudar o rumo de nossas vidas, batalhando sem desistir”, explica o funcionário público.
Osmar sentiu dificuldades com relação ao formato de Ensino à Distância (EaD), mas não esmoreceu, se acostumou ao sistema educacional adotado durante a pandemia e conseguiu concluir o curso este ano.
Sucesso na internet
O agora gestor ambiental viu sua vitória viralizar na internet, pois sua filha, Luana Amarante, publicou uma homenagem ao pai nas redes sociais e alcançou milhares de visualizações e curtidas, além de comentários elogiosos.
Osmar, que trabalha para o governo do Estado, celebrou a repercussão na internet, mas agora foca no que fará do futuro, e garante: não vai parar de estudar.
“Pretendo fazer pós-graduação e contribuir com o progresso da sociedade. Às centenas de pessoas que me enviaram felicitações e apoio, agradeço a todos, e também aos milhares que viram, curtiram e, espero, que também eles jamais desistam dos seus sonhos, como eu não desisti”, completa Osmar.
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